Os sobreviventes do massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido há 15 anos, ainda lutam por tratamento de saúde continuado, atendimento psicossocial, e melhoria da infraestrutura no assentamento 17 de Abril, em Eldorado dos Carajás. E a lista de demandas não para de aumentar. Agora, eles também lutam para reajustar o valor de suas pensões e das viúvas dos 19 trabalhadores sem-terra assassinados pela Polícia Militar em 1996. Ontem, um grupo de cinco sobreviventes esteve em Belém para se reunir com o chefe da Casa Civil, Zenaldo Coutinho, mas a audiência foi desmarcada. No final da tarde, o chefe da Casa Civil entrou em contato com o grupo e remarcou a audiência para hoje às 15 horas. Os trabalhadores afirmam que as determinações da Justiça só têm sido cumpridas em parte e sem continuidade. De acordo com Antônio Alves de Oliveira, o “Índio”, a luta maior dos sobreviventes é por tratamento de saúde continuado. “Na verdade os tratamentos que tivemos até agora são só paliativos. Não temos atendimento de verdade, sério, que a gente possa recorrer”, explica Índio. VALORES DEFASADOS O sobrevivente assegura que nem no governo do PT obtiveram o atendimento necessário pelo governo estadual. “Eles passavam a mão na nossa cabeça, nos abraçavam, mas pouca coisa foi resolvida”, acentua Índio, se referindo à administração da ex-governadora Ana Júlia Carepa. A grande preocupação que os sobreviventes querem resolver com o governo Simão Jatene agora é o reajuste dos valores das pensões concedidas pelo Estado aos sobreviventes e às viúvas das 19 vítimas do massacre. Em 1997, quando as pensões foram aprovadas na Assembleia Legislativa, o valor ultrapassava dois salários mínimos, mas ficou sem os reajustes anuais seguidos e foi ficando defasado, atualmente o valor é de apenas R$ 415 para a maioria, mas alguns estão recebendo até menos, R$ 402 e R$ 401. PROTESTO Os sobreviventes retornarão a Belém dia 15 para participar do tradicional protesto que o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) realiza na semana em que o massacre completa mais um ano. Eles pretendem agora se organizar em associação para lutar pelos direitos já assegurados judicialmente, como pensões e tratamento médico e psicológico. “Vamos nos organizar, porque associados o movimento ficará mais unido, mais forte pra reivindicar nossos direitos”, ressalta o sobrevivente de Eldorado dos Carajás. Eles também asseguram que se não conseguirem negociar com o governo estadual reajuste das pensões até o dia 15, ingressarão com ação judicial para assegurar esse direito. PERÍCIA MÉDICA Os sobreviventes aguardam para segunda-feira uma nova perícia médica prometida pela direção regional da Secretaria de Saúde Estadual em Marabá. Eles se queixam que esta será a décima perícia que serão submetidos, mas o tratamento de saúde nunca é assegurado por completo. Eles contam que têm muitos sobreviventes com problemas físicos, consequência do massacre. Grande parte deles continua com balas alojadas pelo corpo, como o próprio Índio, que sofre com uma bala no joelho. Através da assessoria de imprensa, Zenaldo Coutinho avisou que já recebeu determinação do governador Simão Jatene para assegurar todo o tratamento de saúde aos sobreviventes e que só não pôde recebê-los ontem porque teve que se reunir com urgência com o governador para resolver problemas do Estado. Mas que o governo estadual vai agilizar o atendimento das reivindicações.
Diário do Pará, 09.04.2011
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