segunda-feira, 21 de abril de 2008

Depois de ato simbólico, sobreviventes de Eldorado dos Carajás começam a ser indenizados

Até o final da próxima semana os sobreviventes do massacre de Eldorados dos Carajás, ocorrido há 12 anos no estado do Pará, devem começar a ser indenizados pelo Estado. Na último dia 17 a governadora do estado do Pará, Ana Júlia Carepa, realizou um ato simbólico no Palácio dos Despachos, sede do Governo, para pagar a 20 sobreviventes do massacre as indenizações pela violência sofrida.
O ato no Palácio dos Despachos foi simbólico porque, mesmo com o recurso já disponível na conta da Justiça, ainda são necessários alguns trâmites para que ele chegue até os trabalhadores. O valor total a ser liberado é de R$1,2 milhão. Cada sobrevivente deve receber uma quantia entre R$ 30 mil e R$ 90 mil, de acordo com a gravidade dos ferimentos.
O massacre de Eldorado dos Carajás ficou conhecido no Brasil e internacionalmente pela brutalidade do enfrentamento entre trabalhadores e a Polícia Militar, sob ordens do então governador do estado, Almir Gabriel. Mais de 70 trabalhadores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ficaram feridos e 19 deles foram assassinados. Os responsáveis foram condenados a mais de 100 anos de prisão, mas até hoje estão em liberdade.
“A indenização não apagará a violência”Para Josimar Pereira de Oliveira, um dos sobreviventes do massacre, a falta de amparo às vítimas, por todos esses anos, fez com que o massacre continuasse. O pagamento das indenizações e a assistência médica, segundo ele, “podem fazer com que eles voltem a ter uma vida normal”.
Na última semana, em um seminário na Câmara dos Deputados, em Brasília, sobre a violência em conflitos por terra no Brasil, o presidente da Casa, Arlindo Chinaglia, considerou o massacre como o mais violento na história da luta pela terra no país.
“Lembrando datas como o 1° de maio e o próprio Dia Internacional da Mulher, instituídos por lutas que deixaram vítimas. Essa, com certeza, pode ser uma data nacional em homenagem à luta dos trabalhadores. Em determinadas situações como essa, o próprio cumprimento da lei não é capaz de garantir justiça”, declarou Chinaglia.
Walmir Brelaz, advogado dos sobreviventes, aponta que conseguir o pagamento das indenizações, é fruto da luta incessante dos trabalhadores. “Quantas vezes eles se mobilizaram por justiça nesse caso, com protestos, acampamentos e reuniões. Agora eles conseguirão receber esse benefício”.
Mas ele é firme ao dizer que a indenização não apagará a violência. “O valor econômico nunca vai suprir a dor que eles sentiram e ainda sentem, mas é um valor importante para eles, principalmente para melhores condições de saúde”. Muitos dos sobreviventes ainda têm projéteis de balas alojados pelo corpo, o que causa diversos problemas de saúde como dores no corpo e na cabeça, além de problemas de visão.
Escola e acordo
O advogado destaca que, embora a governadora Ana Júlia tenha cumprido uma decisão judicial, o empenho e a vontade dela em ressarcir às vítimas desse massacre sempre foram grandes, inclusive recebendo os trabalhadores para negociar.
Walmir aproveita para lembrar a promessa feita pela governadora, de construir uma escola no Assentamento 17 de abril, onde vivem os sobreviventes, viúvas e as famílias dos trabalhadores assassinados. Segundo o Governo do Estado, cerca de R$ 500 mil já estão disponíveis no Orçamento 2008 para essa obra.
Outra vitória dos trabalhadores é a assistência médica integral que será oferecida a eles e o recebimento de uma pensão no valor de até um salário mínimo e meio, o equivalente a R$ 622 reais. Walmir Brelaz aponta que um grupo de mais 30 sobreviventes, com casos menos graves, começarão a ser indenizados a partir do próximo ano. Um acordo feito entre governo e esse grupo vai garantir a liberação de R$ 600 mil em 2009 para essa segunda etapa de pagamentos.
Fonte: Notícias da Amazônia (por Gisele Barbieri), 21.04.08

domingo, 20 de abril de 2008

Massacre na imprensa

Cerca de seis mil integrantes do MST (Movimento de Trabalhadores Sem Terra) participam de programações em dois acampamentos, montados na capital e interior, para relembrar os 12 anos do Massacre de Eldorado de Carajás, quando 19 trabalhadores sem-terra foram mortos em confronto com a Polícia Militar na rodovia PA-150, na Curva do 'S', em Eldorado de Carajás.
Em Belém o acampamento começou a ser montado ontem, na Praça da Leitura, em São Brás. A programação já começa nesta quarta-feira (16), véspera do dia do Massacre. A expectativa é reunir pelo menos 600 trabalhadores vindos dos municípios de Acará, Castanhal,Capitão Poço, Irituia, Ourém e do distrito de Mosqueiro.
Na manhã de hoje os acampados participam de uma plenária sobre direitos humanos, quando deve ser discutida a violência no campo e na cidade. 'Este ano vamos relacionar a violência no campo com a da cidade, com a participação instituições criadas por familiares de vítimas da violência urbana, entre elas do caso Nirvana e Lilian Obalski', disse a coordenadora regional da Comissão Pastoral da Terra, Jane Silva.
Durante o ato, também serão lembrados casos de assassinatos ainda sem solução. 'O assassinato dos sindicalistas Doutor e Fusquinha, mortos em Parauapebas, até hoje os acusados não foram julgados', lembra a coordenadora da CPT.
Após a plenária, que acontece em um clube localizado na Avenida Almirante Barroso, ao lado do estádio Baenão, os sem-terra planejam uma caminhada pela paz nas ruas da cidade.
À tarde, eles seguem para o Ministério Público Federal, onde entregam um dossiê contendo denúncias de crimes contra o movimento social. 'O MST está sendo acusado de muitos crimes. Queremos mudar essa imagem e que essas denúncias sejam averiguadas', disse.
No dia do que lembra o massacre, atos ecumênicos fazem parte da programação em Belém e em Eldorado do Carajás.
Em Carajás, a programação acontece pela manhã. 'Será um ato ecumênico, seguido de um ato político, onde esperamos a participação de mais de cinco mil pessoas', explica a coordenadoras do MST do Pará, Ayala Ferreira.
Em Belém, o ato ecumênico acontece na Praça da Leitura, no horário em que ocorreu o massacre: às 17h
PORTAL ORM, 16.04.2008
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terça-feira, 15 de abril de 2008

OS SOBREVIVENTES DO MASSACRE NO ATUAL GOVERNO

No dia 1º de janeiro de 2007 a arquiteta Ana Júlia Carepa tomou posse como governadora do Pará. E, coincidência ou não, venceu a eleição concorrendo com o médico Almir Gabriel, o então governador na época do massacre, que culminou com a morte de 19 trabalhadores rurais e 75 feridos.
A trajetória na militância política e social de Ana Júlia permitiu aos sobreviventes terem a sensação de que poderiam encontrar uma solução definitiva aos seus problemas. A euforia se justificava; afinal, Ana Júlia participou de praticamente todos os eventos de apoio aos mesmos e contra o massacre de Eldorado do Carajás. Foi ela que, em 1999, denunciou a fraude do primeiro julgamento que inocentou os comandantes do massacre. Em 2004, como senadora, afirmou que “os sem-terra não são caso de polícia, mas de política, de política agrária e de política agrícola”. Nas comemorações dos dez anos do massacre declarou ser “lamentável que estejamos fazendo 10 anos do massacre de Eldorado dos Carajás, agora no dia 17 de abril de 2006, e infelizmente não tem ninguém preso”.

Nesta oportunidade, faremos um resumo dos atos tomados pela atual governadora:

1º DE JANEIRO DE 2007: posse da governadora Ana Júlia

10 DE JANEIRO DE 2007: os sobreviventes encaminharam ofício à governadora informando-lhe que o Estado não estava cumprindo a decisão judicial que obrigado o Estado a, entre outras coisas, fornecer todo tratamento médico. E solicitaram uma audiência com a governadora.

08 de FEVEREIRO DE 2007: os sobreviventes são recebidos por assessores da governadora no Palácio dos Despachos.

17 DE ABRIL DE 2007 (11 aos do massacre): a governadora Ana Júlia participou das comemorações desse dia no próprio local do crime, na “Curva do S”, no município de Eldorado do Carajás. Nesse momento, a governadora, em nome do Governo do Estado, iniciou pedindo “desculpas a toda a sociedade paraense, particularmente aos trabalhadores rurais, pelo trágico episódio ocorrido em 1996”. E acrescentou que, “com este pedido de desculpas, quero inaugurar uma nova fase na história do Pará, a fase em que o Estado vai assistir a todos, principalmente aqueles que, ao longo dos tempos, sempre estiveram à margem das políticas públicas”. Nesse mesmo dia foi publicado um DECRETO Nº 116, DE 16 DE ABRIL DE 2007, que “estabelece critérios para reparação de danos materiais e morais em favor das vítimas do conflito de Eldorado dos Carajás”. Nos termos seguintes:

01. O Estado do Pará apresentará, caso a caso, projetos de lei à Assembléia Legislativa, com vistas à concessão de pensão legal, em caráter especial, em valores mensais a serem fixados conforme requisitos descritos nos artigos seguintes, em patamares de 1 (um) a 1,5 (um e meio) salários-mínimos mensais.

02. O Estado do Pará, através de sua Procuradoria-Geral, fica autorizado a celebrar transações judiciais e extrajudiciais para indenizar as vítimas do conflito, caso a caso, conforme a extensão do dano comprovado.

03. A Procuradoria-Geral do Estado ficará incumbida de propor as ações judiciais ou procedimentos extrajudiciais que atendam, com a maior brevidade possível, o disposto neste artigo.

04. O Estado do Pará continuará a prestar, pelo tempo que se fizer necessário e desde já indeterminado, o tratamento médico às vítimas do conflito, através da mencionada equipe multidisciplinar aos envolvidos no conflito de Eldorado dos Carajás que se submeteram à perícia judicial e/ou da própria equipe, inclusive com fornecimento de medicamentos prescritos aos pacientes.

- E ainda comprometeu-se a construir uma escola no “Assentamento 17 de abril”.

23 e 24.06.2007: Publicação de leis que dipõem “sobre a concessão de pensão especial aos trabalhadores(as) rurais sobreviventes do massacre de Eldorado do Carajás”. Abrangendo 20 sobreviventes.

28 e 29.06.2008: II Encontro dos Sobreviventes do Massacre de Eldorado do Carajás e Viúvas (ADIADO)

04 e 05.10.2007: II Encontro dos Sobreviventes do Massacre de Eldorado do Carajás (REALIZADO)
JUNHO.2007: acordo de indenização de R$ 1.284.000,00 e incluso na Lei Orçamento para pagamento em 2008
AGOSTO.2007: Acordo judicial entre o Estado e 30 sobreviventes, no valor total de R$ 600 mil (a ser pago em 2009). Além de pagamento de pensão especial, através de leis.
14.12.2007: “SOBREVIVENTES DE ELDORADO DOS CARAJÁS COBRAM ATENDIMENTO MÉDICO” (jornal o Liberal)
- “Os sobreviventes do massacre de Eldorado dos Carajás, que ficaram com seqüelas, continuam sem tratamento de saúde, onze anos após o confronto onde morreram 19 agricultores do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e 69 ficaram feridos”.
- “Uma das mutiladas, RUBENITA JUSTINIANO DA SILVA, que levou um tiro no rosto, continua com uma bala alojada entre a artéria carótida e a jugular (que levam sangue do coração para o cérebro), impedindo-a que de comer normalmente ... O mais grave, diz a mulher, é que cada vez mais sua boca está entortando por falta de uma prótese especial que a sobrevivente necessita usar para conseguir mastigar.
07.01.2008: OFÍCIO À GOVERNADORA: informando-a que, de acordo com Antônio Alves, a situação dos sobreviventes é grave e que alguns, inclusive, correm risco de vida, como o Sr. Alcione Ferreira da Silva (foto), 62 anos, que está agonizando em sua casa, inchado, com falta de ar e sentindo fortes dores do corpo. Que o Estado não vem cumprindo a decisão judicial e o compromisso assumido através do mencionado decreto estadual. Diante disso, solicitam que faça cessar esse sofrefimento que parece eternizado.

23.01.2008: REUNIÃO COM REPRESENTANTES DO GOVERNO (assessora de gabinete, Sra. Gisele e o procurador Graco): ficou deliberado que será formada uma equipe (ou seja, não foi instituída a prevista no decreto) para, inicialmente, verificar a atual necessidade de cada sobrevivente, e depois efetuar o tratamento médico.

24.01.2008: “VÍTIMAS DE ELDORADO SOFREM ABANDONO” (jornal O Liberal)
- “Os sobreviventes do massacre de Eldorado de Carajás reclamam do abandono por parte do Estado com relação ao tratamento das vítimas, garantido por decisão judicial em agosto de 1999”
- “Segundo Antônio Alves, um dos representantes das vítimas, a promessa do governo, repassada pelo procurador Graco Ivo Alves Rocha Coelho, não é satisfatória, porque os pacientes estão sem atendimento há sete meses. 'Nos sentimos extremamente prejudicados, porque não estamos aqui pedindo nada, mas sim cobrando aquilo que já é obrigação do Estado, determinada pela Justiça'”.
- “Alves informou que há quatro pacientes em estado crítico, precisando de atendimento com urgência, além do 57 sobreviventes contemplados pela decisão judicial”.


21.02.2008: um grupo de profissionais de medicina foi ao “Assentamento 17 de abril”, em Eldorado do Carajás, para fazer novas perícias nos sobreviventes.

08.03.2008: "A gente continua sem tratamento. O pessoal veio aqui, fez uma periciazinha e sumiu. Isso não tem fim". (Antônio Alves – Índio)

13.03.2008: OFÍCIO AO CHEFE DE GABINETE DA GOVERNADORA DO ESTADO DO PARÁ: solicitando, o mais breve possível, o necessário tratamento médico aos obreviventes Rubenita Justiniano da Silva e Pedro Martins de Freitas, que residem em Belém, já que estão sem qualquer assistência. Rubenita, que mora numa ilha próxima de Belém, chegou a se mudar para o centro da cidade em busca de assistência médica, já que ainda possui uma bala alojada em sua mandíbula e sofre com as dores de seus ferimentos.

04.04.2008: informação à Casa Civil sobre a intenção dos sobreviventes serem recebidos pela Governadora Ana Júlia.

07.04.2008: um grupo de 25 sobreviventes acampa em frente do Palácio dos Despachos, reivindicando tratamento medido e audiência com a governadora. Foram recebidos pelo ex-chefe da Casa Civil. Sendo acordado a liberação dos valores das indenizações e o efetivo tratamento médico.

11.04.2008: representantes do governo reúnem-se com os sobreviventes, no “Assentamento 17 de abril”, para tratarem do tratamento médico.


De um modo geral, a situação dos sobreviventes melhorou bastante no atual governo. O diálogo com seus representantes tornou-se mais constante. Houve uma atuação efetiva da Procuradoria do Estado para dar cumprimento às decisões judiciais.
O ponto negativo, que consideramos relevante, foi a falta de tratamento médico. Infelizmente ainda há sobreviventes que sofrem com seus ferimentos.


- Sem revisão

Em Belém

Um grupo de aproximadamente 25 sobreviventes estão, neste momento, viajando para Belém. Aqui vão receber os valores das indenizações do Estado que ganharam na Justiça, em 1999.
No dia 17 vão participar de um ato junto com a governadora Ana Júlia.

Novas pensões

Hoje, dia 15.04, a governadora Ana Julia apresentou 30 projetos de leis junto a Assembléia Legislativa, instituindo pensões a sobreviventes do massacre, no valor correspondente a um salário mínimo.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Sem-terra receberão 1,2 mi

Após reunião ontem, o governo prometeu pagar precatórios a sobreviventes do massacre de Eldorado
O Estado do Pará vai pagar nas próximas semanas R$ 1,2 milhão a 20 trabalhadores rurais sobreviventes do Massacre de Eldorado dos Carajás. O dinheiro será pago a título de indenização por danos morais e materiais, benefício concedido pela Justiça desde 2005, em ação judicial de 1999. No total, os agricultores vão receber indenizações individuais que variam entre R$ 30 mil e R$ 90 mil.
A liberação dos precatórios foi acertada em reunião ontem à noite entre uma comissão de sobreviventes, o advogado deles, Walmir Brelaz, o procurador do Estado, Graco Ivo Coelho e chefe da Casa Civil do Governo, Charles Alcântara. Durante a reunião, um outro grupo de trabalhadores ficou acampado na entrada do Palácio dos Despachos, sede do Governo do Estado do Pará, com uma bandeira do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Além dos 20 trabalhadores indenizados agora, mais 30 sobreviventes e familiares de sobreviventes terão direito a indenizações no valor total de R$ 600, estas pagas com precatórios em 2009. Durante a reunião, Alcântara se comprometeu a agilizar o pagamento dos precatórios a este segundo grupo, que não foi incluído na primeira ação porque muitos deles não tinham sequer documento de identificação à época do conflito.
Apesar de satisfeitos com as indenizações, os agricultores mantêm expectativa sobre o tratamento médico, outra reivindicação, segundo eles nunca atendida plenamente. Segundo o advogado, desde 1999, o Estado foi condenado a oferecer atendimento aos 50 trabalhadores, mas até hoje, isso nunca aconteceu plenamente'.
O massacre de Eldorado do Carajás foi um dos mais graves conflitos pela posse de terras no Brasil. O combate entre trabalhadores rurais e Policiais Militares resultou na morte de 19 trabalhadores rurais que estavam acampados às margens da PA 150.
Reivindicações
Remédios gratuitos, atendimento médico de qualidade, com direito a exames de diagnóstico e reajuste de pensões estão entre as reivindicações dos sobreviventes e parentes de vítimas do massacre de Eldorado de Carajás que acamparam ontem em frente ao Palácio dos Despachos, na expectativa de uma reunião com a governadora Ana Júlia Carepa, que estava fora, em reunião com os secretários de Estado. O grupo foi atendido por assessores da Casa Civil, que anunciaram a visita de uma comissão técnica do governo até o município de Eldorado dos Carajás na sexta-feira, dia 11, para apurar a situação.
Grupo foi ao Palácio dos despachos cobrar indenizações
Um dos sobreviventes, Josimar Pereira, disse que a intenção do grupo era cobrar diretamente da governadora o auxílio às vítimas e a familiares de pessoas assassinadas durante o massacre, assim como melhorias para o assentamento 17 de Abril. 'Ela fez uma porção de promessa em palanque e ainda não cumpriu. Disse que ia construir uma escola e ainda não entrou um tijolo no assentamento. Que ia desapropriar a curva do S e fazer o Bosque da Solidariedade e até agora nada. A assistência médica é precária e tem viúva que ainda não recebe pensão. As que recebem, o valor nunca foi reajustado nesses anos todos. Queremos falar com a governadora, nem que a gente demore cinco dias pra isso', declara.
Entre os que reclamam melhor atendimento, está João Rodrigues Teixeira Filho, 33, que tem uma bala alojada no tórax como resultado do confronto. Ele diz que só conseguiu fazer um raio-x porque uma irmã pagou pelo exame particular, que sofre com dores no peito e no pulmão e que o atendimento médico é precário. A última consulta foi feita com uma médica ginecologista e obstetra, que atende na falta de outro especialista. 'Eu pedi pra ela passar um raio-x, porque tava com dor no peito e ela me respondeu que a médica era ela e eu não sabia de nada, era um mendigo.' O grupo foi recebido pelos assessores Gisele Mendes, Carlos Marques e Antônio Franco, que informaram sobre a visita agendada para a sexta.
Fonte: Jornal AMAZÔNIA, 08.04.2008

Sobreviventes de Eldorado de Carajás se dizem desamparados

Remédios gratuitos, atendimento médico de qualidade, com direito a exames de diagnóstico e reajuste de pensões estão entre as reivindicações dos sobreviventes e parentes de vítimas do massacre de Eldorado de Carajás que acamparam ontem em frente ao Palácio dos Despachos, na expectativa de uma reunião com a governadora Ana Júlia Carepa, que estava fora, em reunião com os secretários de Estado. O grupo foi atendido por assessores da Casa Civil, que anunciaram a visita de uma comissão técnica do governo até o município de Eldorado dos Carajás na sexta-feira, dia 11, para apurar a situação.
Um dos sobreviventes, Josimar Pereira, disse que a intenção do grupo era cobrar diretamente da governadora o auxílio às vítimas e a familiares de pessoas assassinadas durante o massacre, assim como melhorias para o assentamento 17 de Abril. 'Ela fez uma porção de promessa em palanque e ainda não cumpriu. Disse que ia construir uma escola e ainda não entrou um tijolo no assentamento. Que ia desapropriar a curva do S e fazer o Bosque da Solidariedade e até agora nada. A assistência médica é precária e tem viúva que ainda não recebe pensão. As que recebem, o valor nunca foi reajustado nesses anos todos. Queremos falar com a governadora, nem que a gente demore cinco dias pra isso', declara.
Entre os que reclamam melhor atendimento, está João Rodrigues Teixeira Filho, 33, que tem uma bala alojada no tórax como resultado do confronto com os policiais em 17 de abril de 1996. Ele diz que só conseguiu fazer um raio-x porque uma irmã pagou pelo exame particular.
O grupo foi recebido pelos assessores Gisele Mendes, Carlos Marques e Antônio Franco, que informaram sobre a visita agendada para a sexta e declararam que o orçamento de 2008 reserva cerca de R$ 500 mil para a construção de uma escola no assentamento 17 de Abril. Sobre o pedido de inclusão de mais pessoas na lista dos que recebem tratamento médico e psicológico, e indenizações e pensões, os assessores informaram que as pessoas que se sentirem prejudicadas serão encaminhadas para avaliação e tratamento, mas que as demandas em relação a benefícios e indenizações deverão ser avaliadas.
Jornal O Liberal, 08.03.2008

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Precatório para vítimas do massacre de Eldorado será pago até a próxima semana

Até a próxima quarta-feira (16), o governo do Estado estará pagando um precatório no valor de R$ 1,28 milhão para os familiares das vítimas do massacre de Eldorado do Carajás, ocorrido em 17 de abril de 1996, durante o governo Almir Gabriel. O chefe da Casa Civil da Governadoria do Estado, Charles Alcantara (foto), recebeu uma comitiva de sobreviventes e se comprometeu a acelerar a tramitação dos processos de pensões para os parentes que tiveram familiares assassinados.
Um outro precatório no valor de R$ 600 mil deverá ser pago em 2009, para outras 30 vítimas que tiveram conseqüências menos graves. Ao todo, 50 pessoas estarão recebendo pensões no final do processo. Hoje, 20 delas já recebem e o precatório a ser liberado na próxima semana será voltado para estas 20 vítimas. As outras 30 vítimas começarão a receber as pensões ainda este ano. Os processos estão em fase final na Consultoria Jurídica do Estado e serão enviados ainda este mês para aprovação na Assembléia Legislativa. São essas 30 vítimas que receberão indenização no próximo ano, por meio do precatório de R$ 600 mil.
Ainda nesta segunda-feira (7), o chefe da Casa Civil, Charles Alcantara, entrou em contato com o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Domingos Juvenil, que garantiu rapidez na aprovação das pensões assim que a Consultoria Jurídica os enviar. “Trata-se de uma dívida social vergonhosa, que precisa ser paga. A governadora já reconheceu esta questão ano passado e graças a esse reconhecimento outras 30 vítimas foram incluídas no processo, que já estava prescrito”, disse Alcântara. Neste primeiro precatório, cujos valores foram fixados judicialmente, o valor das indenizações vai variar de R$ 30 a R$ 90 mil. Já no segundo precatório, fruto de um acordo entre o governo do Estado as vítimas, o valor das indenizações individuais será de R$ 20 mil.

Da RedaçãoAgência Pará, 07.04.2008
Texto: Elias Luz - Casa Civil da Governadoria

Vítimas de Eldorado exigem audiência

Pressão
Sobreviventes do massacre acampam na sede do governo e cobram promessas

Um grupo de sobreviventes do massacre de Eldorado dos Carajás vai acampar hoje pela manhã na entrada do Palácio dos Despachos. Eles vêm cobrar atendimento da administração estadual a suas reivindicações históricas. Além de tratamento de saúde, os sobreviventes vão pressionar a governadora Ana Júlia a cumprir as promessas feitas em abril de 2007, em seu primeiro ano de governo, quando visitou a Curva do S, local onde os 19 trabalhadores sem-terra foram executados pela Polícia Militar em abril de 1996. Além de prometer construir uma escola no acampamento, a governadora prometeu cumprir a determinação judicial, proferida em 2002, onde a justiça mandou o governo prestar atendimento médico multidisciplinar aos sobreviventes. Mas, segundo os sem-terra, até agora tudo que o governo fez foi enviar uma equipe de peritos para examinar o grupo, logo após a manifestação realizada por Ana Júlia Carepa em abril de 2007. De lá pra cá, nada mais foi realizado.
Às vésperas de completar doze anos do massacre, o grupo de 30 sobreviventes retorna ao Palácio dos Despachos para cobrar as mesmas reivindicações feitas aos governos anteriores. Desta vez, eles garantem que vão ficar no local até conseguirem ser recebidos pela governadora.
Um dos sobreviventes, Josimar Pereira de Oliveira, informa que além da falta de escola para as crianças do acampamento, as viúvas dos sem-terra que foram assassinados estão abandonadas, sem qualquer cuidado. 'Algumas pessoas vêm aqui, mas não resolvem nada. Nem o nosso livro que ela disse que ia comprar, ela cumpriu. Estamos cansados, ninguém mais agüenta, já fomos várias vezes em Belém, e nada. Eles até que atendem bem a gente, mas nada fazem. Agora nós queremos ser recebidos pela própria governadora, pra ver se ela resolve isso de uma vez por todas', avisa Josimar Pereira.
O grupo alerta que não quer mais ser usados apenas no dia 17 de abril e que os sobreviventes vão fazer muito barulho até conseguir atendimento às reivindicações. O ônibus trazendo os sobreviventes saiu ontem, às 6 horas de Eldorado dos Carajás.
Em fevereiro deste ano, um grupo de sobreviventes foi recebido pelo chefe de gabinete da governadora, Cláudio Arroyo.
Eles entregaram um ofício ao governo, solicitando que os sobreviventes que residem na Região Metropolitana de Belém recebam atendimento médico na capital, mas nem isso foi cumprido, de acordo com a sobrevivente Rubenita Silva.
Além de problemas psicológicos, a maioria dos sobreviventes do massacre de Eldorado do Carajás convive com seqüelas da violência policial. A própria Rubenita é obrigada a viver com uma bala no lado esquerdo do rosto, que a deixa com vários problemas, inclusive, dores de cabeças muito fortes e constantes. Outros têm problemas físicos na perna, braço, cabeça e outros membros, que os impedem de ter uma vida normal.
Jornal O LIBERAL, 07.04.2008

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Eles estão chegando!

"Ele disse que ia, mas, mesmo obrigado, não foi.
Eles disseram que voltarão, e, mesmo sendo direito, virão, infelizmente!"

(post feito em janeiro-08).
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Um grupo de aproximadamente 30 sobreviventes do massacre de Eldorado do Carajás, promete acampar em frente do "Palácio dos Despachos" do Governo do Pará, com o firme propósito de ser recebido pela própria governadora Ana Júlia.

Josimar Pereira de Olivieira, um dos sobreviventes e líder do movimento, informa que "muita coisa que a governadora prometeu não foi cumprido. Ela disse que ia fazer uma escola no Assentamento, mas não fez; que ia cuidar das viúvas e elas estão abandonadas; e nós todos ainda estamos sem tratamento médico, sem qualquer cuidado. Vem umas pessoas aqui, mas não resolvem nada. Nem o nosso livro que ela disse que ía comprar ela comprou. Estamos cansados disso, ninguém mais aguenta, já fomos várias vezes em Belém, e nada. Eles até que atendem bem a gente, mas nada fazem. Agora nós queremos ser recebidos pela própria Goveradora, pra ver se ela resolve isso de uma vez por todas".

Por seu lado, Antônio Alves de Oliveira (Índío), afirma que "não queremos ser usados só no dia 17 de abril (data do massacre), queremos viver dignamente!".

O ônibus trazendo os sobreviventes parte no domingo e as 6h da segunda-feira pretende acampar na frente do Palácio.